Canal PratiCidade; Politica Embu das Artes - Doda (sem partido), que passou a integrar base de apoio do governo Ney, e ex-secretária Rosi, que aponta incoerência do vereador

A ex-secretária de Educação de Embu das Artes Rosimary Mendes, muito respeitada e admirada no município, diz ver com “tristeza” o posicionamento político do vereador Doda Pinheiro (sem partido, expulso do PT) desde que se tornou “entusiasta” do governo Ney Santos (Republicanos) e estranha que Doda diga que “agora a educação de Embu está se mostrando eficiente” se a agraciou com o título de “Cidadã Embuense”. 

Rosi diz não ver com bons ohos a atual postura do vereador Doda. “Eu vejo com muita reserva. Ao ler algumas coisas que ele diz, eu sinto tristeza, e pergunto: onde está atualmente aquela pessoa que conheci, aquele educador com quem eu conversava tanto, e que acreditava no ser humano e, principalmente, tinha respeito pelo ser humano? Eu não sei onde está essa pessoa mais. Isso me deixa bastante triste”, analisa a secretária de Educação de 2001 a 2012.
Rosi se recorda de ter recebido de Doda o título de cidadania, em 2016. “Puxa vida, ele fez aquela proposição, eu me senti tão honrada. Me sinto honrada, é um privilégio”, diz. Mas Doda não teria mais posição de “defender a vida”. “Mas digamos que ele não defende a ‘morte’. Mas quem está junto com quem não promove a vida, a emancipação, temos que duvidar e ficar sempre em alerta”, diz. Ney é réu por associação ao crime organizado e tráfico de drogas.
Rosi confidencia “ficar triste pelo município”, inclusive por Doda ser “entusiasta” do atual governo, sem convencer. “Ele fala com aquela força, defendendo [a gestão Ney], mas meio vazio. Eu não consegui ‘encontrar’ ele nunca mais, ‘ele’ não como pessoa física, ‘ele’ como ideia, aquela figura que fazia defesas [progressistas] tão explícitas. É muito angustiante ver alguém se perder assim. Por quê? Já me disseram coisas terríveis. Nem quero repetir”, afirma.
Ela questiona, na educação, os posicionamentos de Doda. “O que eu ouvi e li é que disse que agora que a educação no município está acontecendo, está se mostrando eficiente, exclusivamente por conta da ação da atual gestão e do gestor da pasta. Eu me assustei quando ouvi isso. Eu falei: ‘Uai’, qual foi a base da proposição do título de cidadã, por exemplo? Não foi por que cresci na Comunidade Eclesial de Base. Então, onde está aquela pessoa, aquelas ideias?”
Rosi vê também mudança comportamental do vereador. “Tem a necessidade de ficar se mostrando o quanto é bacana ser de um grupo seleto, em exposição da figura. Por que isso? Não faz parte do perfil de um humilde. Não faz, com certeza!”, analisa a educadora. Ela diz ter dúvida se Doda a homenagearia hoje com o título. “Eu não sei, teria que perguntar para ele. Mas o que o motivou não escuto mais e não vejo mais”, diz, em tom crescente de decepção.
“Se quando propôs, a motivação era o trabalho exemplar que estava sendo realizado, que foi realizado na cidade, por dez anos consecutivos, por isso consegui implantar projetos diferenciais que mexeram com a vida de tanta gente, ter a discussão e implementação de um currículo consistente na rede, tudo isso foi o que o levou a fazer a proposição. E hoje, quando escuto que agora que a educação está boa, entendo que ele não teria mais motivo”, comenta Rosi.Talvez, se ele não propôs ainda ao atual [secretário] da pasta, vai acabar propondo, até porque, de acordo com o que escutei, faria sentido”, observa Rosi. Questionada o que faria se Doda a concedesse o título hoje, pelo posicionamento atual e pelo que o vereador representa hoje, Rosi foi categórica. “Eu trabalharia para demover a ideia da cabeça dele. Não faria sentido ele propôr. 

E não faria sentido nenhum eu receber! Com certeza. Não tenho dúvida”, afirma. Procurado, Doda não se manifestou. 

Por  ADILSON OLIVEIRA  créditos ao   VERBO ONLINE, em Embu das Artes

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