Que tiro foi esse? Apesar de rival de Analice, Aprígio ajuda a eleger tucano Cauê presidente da Alesp

O deputado estadual Cauê Macris PSDB foi reeleito presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo Alesp na tarde desta sexta-feira, 15. Ele recebeu o apoio de governistas e de parte da esquerda – em especial do PT que, aliado a Macris, emplacou Enio Tatto PT como o primeiro-secretário da casa. O tucano teve 70 votos, contra 16 de Janaína Paschoal (PSL), 4 de Daniel José (Novo) e outros 4 para Mônica Seixas PSOL. O clima da votação foi bastante agitado. Isso porque, na véspera, o líder do PSL, Gil Diniz, entrou com uma liminar contra a candidatura de Macris, mas ela foi rejeitada pela Justiça. Ele recorreu. Diniz apoiava a candidatura de Janaina Paschoal. Candidata à presidência da Alesp, Janaina se concentrou em denunciar o acordo, que há algumas eleições vigora na Assembleia, entre o PSDB, o PT e o DEM na divisão dos cargos da Mesa Diretora da Assembleia, com os tucanos presidindo a Casa, os petistas ocupando a primeira secretaria e o DEM a segunda.

Leia na integra a matéria de ADILSON OLIVEIRA publicada com créditos ao site do VERBO ONLINE, em São Paulo


Apesar de adversário político de Fernando Fernandes e da deputada estadual Analice Fernandes, mulher do prefeito, ambos do PSDB, o deputado estadual Aprígio (Podemos) votou em Cauê Macris e ajudou a eleger o parlamentar do PSDB para presidir a Assembleia Legislativa para o biênio 2019-2020, na tarde desta sexta-feira (15). A eleição da mesa-diretora da Alesp aconteceu em seguida à posse dos 94 deputados estaduais eleitos em outubro do ano passado.

Analice (PSDB), ao presidir votação, e Aprígio (Pode) votam em Cauê Macris (PSDB) para presidente da Alesp
Aprígio, um dos primeiros a ser chamado a votar pelo critério de ordem alfabética por usar o segundo nome (ele se chama José Aprígio), pronunciou-se: “Eu voto Cauê Macris, do PSDB” – ele disse primeiro “Matris” e depois corrigiu o sobrenome do candidato. Dois deputados antes, Analice manifestou o esperado voto no colega de partido. “Com muita honra, [voto] no deputado Cauê Macris”, disse e sorriu a Cauê. Como vice-presidente da Alesp, ela conduziu a votação.
Além de Cauê, outros três candidatos se apresentaram, Monica Seixas (PSOL) – que vestia a camiseta “Quem mandou matar Marielle Franco?” -, Daniel José (Novo), Janaína Paschoal (PSL) – que agora é a maior bancada da Alesp, com 15 deputados, partido do presidente do Jair Bolsonaro. Apesar de o PSDB ter despencado de 19 para oito deputados eleitos, Cauê venceu como parte da maior coligação, que elegeu 21 deputados, e era o último presidente da Casa.
A condição de Cauê motivou a primeira confusão na Casa. O PSL tentou impugnar a candidatura do tucano sob alegação de que um deputado é impedido de ser eleito para o mesmo cargo na Assembleia por duas vezes seguidas. O líder da bancada do partido, Gil Diniz, evocou o regimento interno da Assembleia e ainda a Constituição estadual para tentar barrar Cauê. “É vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”, disse.
Analice, pega de surpresa com a investida, disse que “essa é uma questão já superada nesta Casa, portanto, eu quero dar prosseguimento ao processo de votação”, disse a presidente em exercício. Questionada “como superada” por Gil, Analice disse que “foi superada judicialmente ontem”. Janaína tomou a palavra e disse que “a decisão judicial não determinou que a eleição ocorresse com o candidato que busca a reeleição”, mas que o plenário da Alesp decidisse.
O veterano Barros Munhos (PSB) – que deixou o PSDB por desavença com Doria -, interveio em favor da eleição com Cauê candidato. “Presidente, esta questão já foi amplamente discutida nesta Casa, e a decisão foi exatamente o que diz o regimento, ou seja, a legislatura se encerrou, a 18ª, é uma nova legislatura. É óbvio que o mandato subsequente é na mesma legislatura. Gostaria que a senhora respondesse à questão no prazo regimental. Vamos tocar o barco”, disse.
Janaína insistiu pela interpretação feita e foi interpelada por Analice a fazer a reclamação por escrito. Ao continuar a falar, teve o som do microfone cortado pela presidente Inciado o processo de eleição, Arthur Mamãe Falei (DEM), aliado do PSL, disse que o requerimento já “está nas mãos da presidente”. Sob pressão e com ajuda da assessoria, Analice, em recuo, decidiu receber o questionamento, mas disse que ia responder “no momento oportuno” e conteve o tumulto.
O PSDB costurou um acordo com a maior parte dos partidos e levou a presidência. Cauê teve 70 votos e continua presidente da Assembleia. Janaína teve 16 votos, Mônica e Daniel José receberam 4 votos, cada. Ênio Tatto, do PT, foi eleito primeiro-secretário, também com 70 votos, em indicação de que PSDB e PT se aliaram para escolha dos membros da mesa-diretora que vai comandar as votações e a administração da Assembleia pelos próximos dois anos.
A mesa-diretora da Assembleia eleita para o biênio 2019-2020 ficou assim: Cauê Macris (PSDB), presidente; Ênio Tatto (PT), primeiro-secretário; Milton Leite Filho (DEM), segundo-secretário; Gilmaci Santos (PRB), primeiro-vice-presidente; Ricardo Madalena (PR), segundo-vice-presidente; Coronel Telhada (PP), terceiro-vice-presidente; Barros Munhoz (PSB), quarto-vice-presidente; Bruno Ganem (Podemos), terceiro-secretário; e Léo Oliveira (MDB), quarto-secretário.
Durante a votação, em repetição do embate na esfera federal, PSL e PT se confrontaram. “Contra o PT e esta esquerda nojenta que existe nesta Assembleia, eu voto Janaína Pascoal, presidente da Alesp”, disse, aos gritos, Douglas Garcia. “Contra a imbecilidade nojenta, eu voto Cauê Macris”, respondeu Emídio de Souza, ex-presidente estadual do PT. Os deputados também aprovaram alterar a posse na Alesp de 15 de março para 1º de fevereiro, só que a partir de 2027.

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