Jornal do Brasil por Felipe Gelani *
Marcado pela crise econômica e política, 2016 vai ser lembrado pelo brasileiro como um ano “conturbado”. O desejo de que os corruptos sejam punidos, além da torcida pela melhoria do quadro econômico do Brasil, são a tônica entre pessoas ouvidas pelo Jornal do Brasil.
O arquiteto Thiago Gomes de Oliveira compartilha da expectativa da maioria. “Espero que 2017 seja melhor do que o ano atual, tanto na política quanto na economia. Que a justiça consiga pegar todo esse pessoal que está roubando, e que a partir daí consigam fazer alguma coisa.” Para o arquiteto, com isto, os ajustes necessários para melhorar os dois setores poderão ser feitos, “mas acho que a melhora vai ser bem lenta”.
Mas tem gente que não crê que a mudança vai ser conquistada de forma pacífica. Para a técnica em enfermagem Adriana Martins, não se pode esperar nada da política. Nem em 2017, nem no futuro. “Eu só espero alguma coisa do povo. Espero que o cidadão brasileiro acorde e veja que quem manda no país somos nós. Nós colocamos aquelas pessoas lá para nos representar.”
Adriana, com um gesto firme da mão direita, de punho fechado, decretou: “Espero que o povo reaja em 2017, nem que seja com uma guerra civil. Do jeito que está, não pode ficar. É isso que eu espero, da política mesmo não espero nada”, e emendou: “Se o povo continuar dizendo que não gosta de político, vai continuar refém dos políticos.”
Sobre a economia, Jorge Sardinha deu seu ponto de vista profissional: ele é analista de petróleo. “Com o petróleo barato, os contratos estão diminuindo. O escândalo de corrupção na Petrobras está piorando os negócios. Mas vai chegar um ponto no qual não vai dar mais para descer e vamos retomar o crescimento.”
Sardinha se diz “de direita”, mas tem críticas ao atual governo. “O governo atual está tentando resolver, mas não acho que vai mudar nada de um dia para o outro. Além disso, minha geração não vai se aposentar…”
A bancária da Caixa Econômica Federal Vanessa Moraes demonstra mais otimismo. “Estamos em um momento de muita incerteza, mas estou bastante otimista. As coisas já começam a melhorar. Vamos sofrer um pouquinho, eu sei, mas acredito que vai ser muito melhor em 2016. Tenho convicção disso.”
Sobre a questão do desemprego, que deve continuar afetando a vida do brasileiro no próximo ano, Vanessa não demonstrou preocupação pessoal sobre o assunto. “Quanto ao meu trabalho estou otimista. Sou concursada, né?” Quando perguntada sobre a possibilidade de abertura de capital da Caixa, ideia já aventada pelo governo, ela também não acredita na possibilidade de que seu posto de trabalho seja afetado. “Seja o que for, vai ser bom para todo mundo. Acho que cada um fazendo sua parte, não temos o que temer.”
Já o psicólogo Otávio Martins acha que 2017 é o ano em que haverá uma “explosão geral”. “Acho que estamos caminhando para um momento em que tudo isso vai eclodir. Vamos ter um momento de dificuldade, pois estamos em uma crise. Espero que tudo isso seja exemplo para que no futuro essas coisas não se repitam.” Otávio acredita que estamos próximos de um “ponto de virada”. Segundo ele, vamos “precisar chegar no fundo do poço, que ainda não chegou, e do fundo vamos conseguir construir coisas melhores. Acredito que esse momento será em 2017.”
Bárbara Cruz é uma das que fizeram a afirmação de que 2016 foi um “ano conturbado”. A funcionária da área de responsabilidade social de um escritório de advocacia também fez a analogia do fundo do poço. “A gente passou por essa tempestade para, quem sabe no ano que vem, venha a bonança. O fundo do poço já passou e quando você chega até o final, a tendência é subir. Espero que 2017 seja um ano mais feliz em todos os aspectos, principalmente para aqueles que sofrem com a desigualdade.” E ela concluiu: "o ano teve uma energia muito pesada, não só no Brasil quanto no mundo."
O holandês Etienne Coirwinkel deu seu parecer internacional sobre o país. E reforçou que a crise não foi exclusividade nossa. “Para 2017 acredito, mas não desejo, que os populistas vão vencer as eleições, talvez na França, talvez no meu país e talvez até na Itália e Alemanha. Já tivemos o Brexit, e Donald Trump eleito nos EUA. Então, me parece que temos uma onda de populismo.”
Sobre o Brasil, Etienne disse que “sempre se ouve lá fora que o país tem dificuldade de separar política da corrupção". "Minha esperança é de que vocês vão encontrar algumas boas pessoas que possam também ser bons líderes.”
Esperança também foi a palavra utilizada pela atriz Talita Nascimento. “Tenho muita esperança de melhoria. Acho difícil que o Temer caia, mas estamos lutando para isso, principalmente a gente da cultura. Tudo está sendo afetado, mas acredito que nossa área está sendo a mais afetada. A expectativa é baixa, mas a esperança é alta.”
O engenheiro mecânico aposentado Carlos Miranda reproduziu a rejeição crescente que o brasileiro vem tendo com a classe política. Especialmente contra o PT. “Espero que todos esses ‘petralhas’ sejam presos, principalmente o Lula. Que todos esses políticos sejam presos. Que a gente tenha políticos decentes, ou então que não tenha políticos."
Carlos não demonstrou uma visão muito otimista quanto ao próximo ano. "Já que eles estão pensando só nos próprios bolsos, é melhor que não tenha nenhum. Acho que 2017 não vai ser um ano melhor.” Ele concluiu: "Só acredito se houver alguma mudança. Se aparecer uma pessoa aí… uma pessoa que não seja um político, para levantar esse país.”
* do projeto de estágio do JB
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