Velório de Marisa Letícia termina com discurso de Lula e crítica a Temer
Era perto das 16h deste sábado (4) quando o corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia deixou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde foi velado. O corpo seguiu em direção ao crematório do cemitério Jardim da Colina, também em São Bernardo. A cerimônia de cremação foi reservada a familiares e pessoas próximas.
Marisa Letícia morreu ontem às 18h57 por complicações decorrentes de um AVC (acidente vascular cerebral) do tipo hemorrágico e depois de ficar dez dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Sírio-Libanês.
O velório começou às 9h e foi inicialmente fechado para a família. Por volta das 10h, foi aberto ao público e prosseguiu até cerca de 15h30. O final do velório foi marcado por um ato ecumênico, aberto pelo bispo emérito de Blumenau (SC), Dom Angélico Bernardino, que fez críticas às reformas propostas pelo governo de Michel Temer. Em seguida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso emocionado.
O petista relembrou momentos de seu casamento de mais de 40 anos, com Marisa Letícia, citou o momento em que se conheceram, na sede do sindicato onde hoje acontece o velório, e definiu: "Marisa foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; eu e ela nunca brigamos."
De acordo com Lula, nos tempos em que foi presidente da República (2003-2010), "Marisa nunca pediu um vestido, um anel". "Desde 1975 minha conta bancária é da Marisa. Nunca admiti que ela mendigasse nada para o marido." O ex-presidente relembrou ainda os nascimentos de seus filhos e se emocionou.
"A Marisa Letícia foi uma guerreira na luta a favor da classe trabalhadora. Atentem para as reformas trabalhistas que sejam contra os trabalhadores; a reforma da Previdência, contra pobres e assalariados. É preciso que estejamos atentos", pediu o religioso.
O bispo lembrou, ainda, que Marisa Letícia começou a trabalhar aos 13 anos em uma fábrica e destacou que a crise atual pela qual o país passa "é falsamente atribuída à administração dos dois últimos governos".
Dom Angélico Bernardino é ligado à teologia da libertação, corrente da Igreja Católica que tem entre seus ícones, no Brasil, Frei Betto, que atuou no primeiro governo de Lula.
"Marisa morreu triste porque a canalhice, a leviandade e a maldade que fizeram com ela... Quero provar que os facínoras que levantaram leviandades contra ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas", disse Lula, que discursou por aproximadamente 20 minutos.
"Esse homem que está enterrando sua mulher hoje não tem medo de ser preso", afirmou o ex-presidente. "Descanse em paz, Marisa. O seu 'Lulinha Paz e Amor' vai ficar aqui para brigar por você."
Segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, não há dúvidas de que a investigação levou à morte dela: "A ameaça de prisão dos filhos dela, do próprio Lula e dela mesma levou Marisa a uma tristeza terrível nos últimos tempos. Não tenho dúvida nenhuma que a tensão desse quadro causou isso [o AVC]."
A ex-presidente Dilma Rousseff chegou ao local por volta das 11h30, mas não falou com a imprensa. Pouco depois das 14h20, ela deixou o local, sob gritos de "Dilma guerreira da pátria brasileira".
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) também esteve no local. Ele chegou pouco antes das 13h, sozinho, e falou rapidamente com a imprensa. "Ela é nossa primeira-dama também. É uma mulher que acompanhou uma trajetória tão expressiva como a de um líder popular como Lula e que deu muita dignidade às funções que exerceu."
Passaram pelo local também os governadores Luiz Fernando Pezão, do Rio, Fernando Pimentel, de Minas, e Wellington Dias, do Piauí, e os ex-ministros Miguel Rosseto, Paulo Vanucchi, Miriam Belchior, Benedita da Silva, Luiz Dulci, Gilberto Carvalho e Juca Ferreira. Além deles, estiveram presentes parlamentares como Eduardo Suplicy (PT), Ivan Valente e Luiza Erundina (ambos, do PSOL-SP).
Foi instalado um telão no térreo do sindicato para exibir a cerimônia, ao lado do qual foi colocado um painel em branco onde as pessoas podiam deixar palavras de conforto para a família e homenagens a Marisa Letícia.
Os primeiros chegaram às 2h, vindos de Sorocaba, no interior paulista. Um deles admitiu: nunca havia ido a algum outro velório tão cedo. "Só quando a Hebe Camargo morreu", disse Luciano Gonçalves Porto, 34, diretor do Sindped (Sindicato Estadual das Empresas de Processamento de Dados).
"Eu não estou aqui para ver um corpo. Estou aqui pelo que ela significa, para prestar homenagem a ela, à importância que ela tem para o partido", contou Edir Ribeiro, 65, que convive com sindicalistas desde 1982, quando o marido conseguiu um emprego na Ford.
"Ela sempre foi a companheira que lutou com Lula mesmo em uma época tão difícil como foi a ditadura militar. Sempre esteve do lado dele", comentou o atendente Odair Rosa, que madrugou no local.
Vias próximas ao sindicato foram fechadas. Passaram pelo velório cerca de 20 mil pessoas, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A Polícia Militar não fez estimativa de público.
- Nacho Doce/ReutersLula se emociona durante o velório de sua mulher Marisa Letícia, em São Bernardo
Marisa Letícia morreu ontem às 18h57 por complicações decorrentes de um AVC (acidente vascular cerebral) do tipo hemorrágico e depois de ficar dez dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Sírio-Libanês.
O velório começou às 9h e foi inicialmente fechado para a família. Por volta das 10h, foi aberto ao público e prosseguiu até cerca de 15h30. O final do velório foi marcado por um ato ecumênico, aberto pelo bispo emérito de Blumenau (SC), Dom Angélico Bernardino, que fez críticas às reformas propostas pelo governo de Michel Temer. Em seguida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso emocionado.
O petista relembrou momentos de seu casamento de mais de 40 anos, com Marisa Letícia, citou o momento em que se conheceram, na sede do sindicato onde hoje acontece o velório, e definiu: "Marisa foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; eu e ela nunca brigamos."
De acordo com Lula, nos tempos em que foi presidente da República (2003-2010), "Marisa nunca pediu um vestido, um anel". "Desde 1975 minha conta bancária é da Marisa. Nunca admiti que ela mendigasse nada para o marido." O ex-presidente relembrou ainda os nascimentos de seus filhos e se emocionou.
Bispo critica reformas trabalhista e da Previdência
A fala de Dom Angélico Bernardino teve um tom político. Ele enalteceu a militância da ex-primeira-dama e defendeu a necessidade de a militância atual não esmorecer diante de reformas que sejam prejudiciais ao trabalhador."A Marisa Letícia foi uma guerreira na luta a favor da classe trabalhadora. Atentem para as reformas trabalhistas que sejam contra os trabalhadores; a reforma da Previdência, contra pobres e assalariados. É preciso que estejamos atentos", pediu o religioso.
O bispo lembrou, ainda, que Marisa Letícia começou a trabalhar aos 13 anos em uma fábrica e destacou que a crise atual pela qual o país passa "é falsamente atribuída à administração dos dois últimos governos".
Dom Angélico Bernardino é ligado à teologia da libertação, corrente da Igreja Católica que tem entre seus ícones, no Brasil, Frei Betto, que atuou no primeiro governo de Lula.
'Marisa morreu triste', diz Lula
Emocionado, Lula chamou de "facínoras" aqueles que "levantaram leviandades" contra a mulher --ré, ao lado dele, em processos da operação Lava Jato. Ele interrompeu a fala mais de uma vez para chorar."Marisa morreu triste", diz Lula em velório da ex-primeira-dama
"Esse homem que está enterrando sua mulher hoje não tem medo de ser preso", afirmou o ex-presidente. "Descanse em paz, Marisa. O seu 'Lulinha Paz e Amor' vai ficar aqui para brigar por você."
Efeito da Lava Jato
O ex-ministro da Justiça Eduardo Cardozo esteve no velório e, ao comentar a relação entre a morte de Marisa e a operação Lava Jato, disse: "Obviamente, se tem alguma situação, é derivada da emoção que motiva esse tipo de doença. Acabou acarretando o agravamento, mas seria leviano estabelecer um comentário sobre o assunto."Segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, não há dúvidas de que a investigação levou à morte dela: "A ameaça de prisão dos filhos dela, do próprio Lula e dela mesma levou Marisa a uma tristeza terrível nos últimos tempos. Não tenho dúvida nenhuma que a tensão desse quadro causou isso [o AVC]."
Lula recebe condolências de políticos
Durante boa parte do dia, Lula e sua família receberam condolências de políticos, sindicalistas e de representantes de movimentos populares.A ex-presidente Dilma Rousseff chegou ao local por volta das 11h30, mas não falou com a imprensa. Pouco depois das 14h20, ela deixou o local, sob gritos de "Dilma guerreira da pátria brasileira".
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) também esteve no local. Ele chegou pouco antes das 13h, sozinho, e falou rapidamente com a imprensa. "Ela é nossa primeira-dama também. É uma mulher que acompanhou uma trajetória tão expressiva como a de um líder popular como Lula e que deu muita dignidade às funções que exerceu."
Passaram pelo local também os governadores Luiz Fernando Pezão, do Rio, Fernando Pimentel, de Minas, e Wellington Dias, do Piauí, e os ex-ministros Miguel Rosseto, Paulo Vanucchi, Miriam Belchior, Benedita da Silva, Luiz Dulci, Gilberto Carvalho e Juca Ferreira. Além deles, estiveram presentes parlamentares como Eduardo Suplicy (PT), Ivan Valente e Luiza Erundina (ambos, do PSOL-SP).
Militantes na fila desde a madrugada
Carregando rosas vermelhas e bandeiras do PT e de movimentos sindicais, militantes e simpatizantes chegaram a esperar até uma hora na fila para prestar as últimas homenagens à ex-primeira-dama.Foi instalado um telão no térreo do sindicato para exibir a cerimônia, ao lado do qual foi colocado um painel em branco onde as pessoas podiam deixar palavras de conforto para a família e homenagens a Marisa Letícia.
Os primeiros chegaram às 2h, vindos de Sorocaba, no interior paulista. Um deles admitiu: nunca havia ido a algum outro velório tão cedo. "Só quando a Hebe Camargo morreu", disse Luciano Gonçalves Porto, 34, diretor do Sindped (Sindicato Estadual das Empresas de Processamento de Dados).
"Eu não estou aqui para ver um corpo. Estou aqui pelo que ela significa, para prestar homenagem a ela, à importância que ela tem para o partido", contou Edir Ribeiro, 65, que convive com sindicalistas desde 1982, quando o marido conseguiu um emprego na Ford.
"Ela sempre foi a companheira que lutou com Lula mesmo em uma época tão difícil como foi a ditadura militar. Sempre esteve do lado dele", comentou o atendente Odair Rosa, que madrugou no local.
Vias próximas ao sindicato foram fechadas. Passaram pelo velório cerca de 20 mil pessoas, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A Polícia Militar não fez estimativa de público.
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