O mundo está tingido de vermelho, azul e branco. Neste domingo (15), a
França venceu a Croácia, por 4x2, e se tornou bicampeã do mundo. Em final
inédita, os franceses levaram a melhor no estádio de Lujniki, em Moscou, e
colocaram a medalha dourada no peito pela segunda vez na história. O primeiro
título foi conquistado há 20 anos, na Copa de 1998, quando o país era anfitrião
e venceu o Brasil na final, por 3x0. Agora, os azuis se igualam a Uruguai e
Argentina, ambos também bicampeões.
Passados 20 anos de seu primeiro título mundial, a
seleção francesa de futebol voltou a alcançar a máxima glória do esporte neste
domingo, ao vencer a Croácia por 4 a 2, no estádio Luzhniki, em Moscou. Mais do
que qualquer aspecto tático ou técnico, o resultado simboliza a união de um
país que recentemente se acostumou com a polarização referente à crise
imigratória no continente europeu.
Dos 23 jogadores convocados pelo técnico Didier
Deschamps, apenas sete não são filhos de imigrantes africanos: o goleiro Hugo
Lloris, Pavard, Theo Hernández, Griezmann, Giroud, Thauvin e Alphonse Areóla,
de origem filipina. A tolerância às diferenças étnicas foi elementar na
campanha bem-sucedida da seleção francesa no Mundial da Rússia, assim como
aconteceu em 1998, quando os Bleus conquistaram a Copa pela primeira
vez com um time repleto de descendentes de estrangeiros.
“A diversidade do nosso time é a imagem desse belo
país que é a França. Para nós, isso é esplêndido. Estamos orgulhosos em
representar essa bonita camisa e acho que o povo também está orgulhoso por ter
uma seleção como essa”, disse o volante Blaise Matuidi, filho de pai angolano e
mão congolesa.
Até mesmo a líder da extrema direita francesa,
Marine Le Pen, se rendeu ao grande futebol da seleção francesa nesta Copa do
Mundo. A candidata à presidência no ano passado, que tinha como uma de suas
propostas frear a imigração legal e ilegal no país, parece ter se esquecido que
grande parte do grupo que chegou à decisão do Mundial é composto por filhos de
estrangeiros. Através de suas redes sociais, a contraditória presidente do
partido Agrupamento Nacional se manifestou após o título sobre a Croácia:
“Bravo, seleção francesa! Está feito! Parabéns ao Didier Deschamps e a todos os
seus jogadores. Histórico!”.
Kylian Mbappé, principal estrela do time francês, é
um dos 16 jogadores que possuem raízes africanas. O jogador, de 19 anos, é
filho de uma ex-jogadora de handebol nascida na Argélia e de um pai camaronês.
Paul Pogba, que detém o maior apelo comercial entre os atletas da seleção, é
outro exemplo. Seus pais nasceram em Guiné, no entanto, o volante preferiu
defender o país onde cresceu.
Em 1998, os grandes destaques da seleção que venceu
a Copa do Mundo sediando o torneio também eram filhos de imigrantes. Lilian
Thuram, que fez os dois gols na semifinal contra a Croácia, em Saint-Denis, é
filho de mãe solteira nascida em Guadalupe, uma ilha no Caribe pertencente à
França; Youri Djrokaeff é filho de mãe armênia; Zinedine Zidane tem origens
argelinas; Já Marcel Desailly possui raízes em Gana.
Thuram, inclusive, foi além. Após se consagrar nos
gramados com o título mundial e da Eurocopa de 2000, o zagueiro hoje é líder de
uma fundação que leva o seu nome e que tem como objetivo combater o racismo no
país através da educação a crianças de baixa renda, muitas delas descendentes
de imigrantes.
Enquanto alguns trabalharam para integrar a
sociedade francesa, líderes políticos se esforçam para se estabelecerem com
pensamentos completamente retrógrados. Por enquanto, a atual geração de
jogadores da França se limita a fazer sua parte dentro dos gramados, contudo,
já é possível dizer que a taça erguida em Moscou vai muito além da glória
futebolística. Simboliza a inclusão.
Fonte de Consulta PratiCidade : Gazeta Esportiva / Foto: G1
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